quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"I have a dream..."

Ainda tenho a barriga cheia do grande almoço da passada terça-feira!
Aquilo sim, foi comer até mais não, o Obama em festas não perdoa! Tive oportunidade de conversar com Obama durante uns minutos e não tenho nada a apontar, uma pessoa completamente simpática e que não me deixou qualquer dúvidas de que o futuro irá mudar.

Agora a falar num tom mais sério, a eleição de um negro à Casa Branca é um acontecimento que por muitos foi sempre uma coisa impossível de acontecer. A esses que não acreditaram, espero que agora ganhem uma nova esperança em tudo o que venha pela frente.
Em cada discurso Obama foi ganhando votos, foi ganhando apoiantes, mas principalmente foi ganhando o espírito de um povo, um povo que andava e anda perdido, mas que agora parece ter encontrado um mapa com um caminho bem definido. A começar já pelo anúncio do encerramento da prisão de Guantánamo.

Martin Luther King disse uma vez ter um sonho. Parece-me que esse sonho está realizado.
Barack Obama parece-me muito mais do que mais um presidente na história dos Estados Unidos da América. Nele vemos o sentido de união, não só do povo enquanto povo, mas também enquanto família. Os discursos dele apontam nesse mesmo sentido, utilizando centenas de vezes a palavra "we" (nós).

A mudança acontecerá com um novo presidente no país que mais influência tem no mundo?
Estaremos perante uma nova era? Uma era de mais paz e menos guerra?

Parece-me claramente que sim. Poderá Portugal tirar benefícios disso? Também me parece claramente que sim, Sócrates poderá tirar dali algum partido.

Eu vejo agora no rosto da América um novo rumo! Vejo o mesmo rumo no rosto de Obama!
Vejo-o no rosto do mundo!
O mundo vai mudar, tenho a certeza disso. Já mudou.

Um bom fim de semana para todos os deputados e ministros. Sim, porque eu sou o único que pode desejar um bom fim de semana, nenhum dos outros ministros se atreverá a desejar um bom fim de semana visto que não será correcto desejar um bom fim de semana a uma segunda, ou terça , ou quarta ou mesmo a uma quinta feira.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O berço da Nação e os seus louvores.

Senhores Leitores
Senhores Ministros,
Muito bom dia.

Como Ministro da Sociedade que sou, tenho não só por hábito, mas também por obrigação, manter-me informado sobre as notícias da actualidade que ocorrem no nosso território.
Como tal, informo para os mais distraídos e para todos aqueles que nunca tiveram mais de 3 a história de Portugal no 5ºAno, que faz este ano 900 anos do nascimento do nosso primeiro Rei de Portugal D. Afonso Henriques. Espera-se portanto, uma grande festa em Guimarães, para relembrar tal marco da nossa história.
Em Guimarães?
Porque não Coimbra?
Não, não! Viseu este ano é que é!
Pois bem, "Viseu assume-se berço de D. Afonso Henriques", é a notícia que saiu aqui há uns dias no JN. Ao que parece, alguns historiadores chegaram à conclusão de que o nosso Rei fundador, terá nascido na cidade das rotundas. Picardias aparte, entre os dois autarcas das duas cidades, vão haver comemorações nas duas cidades.
O autarca de Viseu tem como trunfos, os historiadores que estão do seu lado, já o de Guimarães... perde credibilidade, a partir do momento em que tudo o que possui a seu favor é uma inscrição na Câmara Municipal que diz: "Nasceu em Guimarães e morreu em Coimbra, onde está sepultado".
Falamos de uma grande personagem histórica sem dúvida, mas para evitar confusões em torno de um local de nascimento, quando nem ao certo se sabe a Data de nascimento, porque não fazermos as comemorações em todas as cidades de Portugal? O que desejaria o nosso Afonso? Como socialistas que somos, porque não nos lembrarmos da nossa história como sociedade única, em vez de andarmos sempre à porrada?

Correcto, este assunto está arrumado. Em seguida e como não desejo ficar só por aqui, trago um tema que surgiu na altura, ainda e só rúbrica "Nós Por Cá" da SIC;
Um militar da GNR, tem ao longo da sua carreira, a possibilidade de ser louvado... Entende-se por isto, receber menções de louvor, em que a companhia por palavra do comandante escreve num papelito, tudo aquilo que valoriza no militar galardoado. Imagino eu que seja a camaradagem, a sua preparação física, as suas atitudes no terreno, o seu comportamento moral e cívico, a pontaria, a facilidade com que diz "carta de conduçom e documentex da biatura", enfim...algo que caracterize a nossa GNR. Achei portanto piada quando encontrei o seguinte louvor feito ao soldado X da companhia da Estrela:



Esta semana em discussão com o Ministro da Defesa, soube ainda que no mês passado um cabo da PSP foi louvado devido ao seu gosto especial para a decoração da sala de convívio do pessoal, do posto avançado de Avintes.
Vamos tentar abrir os olhos para aquilo que interessa!

Sem mais assunto, subscrevo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Igreja e tecnologia

Antes de passar ao assunto desta semana, quero agradecer todas as reacções que obtive com o primeiro texto, bem mais do que as que esperava. Estive longe de pensar que iriam ser tantas assim e estive também longe de querer ofender alguém. Criticar sim, ofender não. Parti de uma premissa para uma generalização, penso que era inteligível e espero que tenham percebido isso. Percebam também que só pretendo - bem como muitos outros - que as coisas mudem, que sejamos mais culturais (dentro dos possíveis, é claro).

Esta semana a religião católica em Portugal voltou a marcar pontos. Na sua própria baliza. E a perder certamente mais alguns crentes. O cardeal D. José Policarpo juntou-se à ala ultraconservadora que reina na religião (Bento XVI, o sumo pontífice, anda por aí dizer - em tempos de guerra e crise - que o importante é não ter relações por prazer e que os homossexuais são uma devassa da Natureza): ora o nosso Policarpo veio dizer, e passo a citar, que "as mulheres portuguesas que se casarem com muçulmanos vão-se meter em sarilhos que nem Alá sabe onde acabam". Assim, sem ai nem ui. O "misticismo" que rodeava a igreja esfuma-se com este tipo de declarações. Já muita gente veio defender o cardeal, dizendo que é do conhecimento comum a forma como as mulheres muçulmanas são tratadas (ou maltratadas), mas o que é certo é que muitas vezes as mulheres cristãs e católicas não ficam muito melhor servidas. E palavras assim, deitadas ao vento, dão azo a interpretações várias. A religião já foi um negócio mais bem montado. E também mais poderoso. Agora, que nem partido político da oposição, parecem mais interessados em deitar achas para fogueiras que só a eles lhes interessa reavivar. Uma espécie de "olhem para mim que eu preciso de atenção". Num país em que a violência doméstica e a opressão feminina crescem de ano para ano, penso que a igreja devia olhar para sim mesma, para além do seu umbigo e pensar que "se se casarem com um cristão, vão-se meter em sarilhos que nem Jesus Cristo sabe onde acabam". Não é bonito atirar pedras para telhados de vidro, quando também os tem bem frágeis.
A instituição e negócio que é a igreja começa cada vez mais a deixar vir ao de cima os seus podres e os seus problemas. Este foi só mais um, e o progresso para "Ontem, Hoje e Amanhã" exige-se rápido se não querem perder os cada vez menos crentes existentes por este mundo fora. O fervor religioso católico por vezes parece-me tão fanático como o muçulmano. Não o de todos, mas de uma parte. Vejam o documentário Jesus Camp e vejam lá se até não tenho razão.

Se por um lado a religião parece parada no tempo e na mentalidade, o que não pára mais é o progresso humano e a tecnologia. Esta semana pus as mãos num belíssimo iPod classic, de 120GB (mais que o meu computador), preto, ecrã a cores e leitor de vídeo. Um autêntico mimo para melómanos a sério, que têm gosto à música - e à surdez - e não conseguem deixar de ouvir o que quer que seja durante o dia (também pudera, com 120GB o que não falta é música) e que são vaidosos. O precioso gadget é bem bonito, polidinho e com linhas bem atraentes (até reluz!). É um autêntico fenómeno de vendas, marketing, design... Nada parece falhar!
É incrível como Steve Jobs criou uma marca que é cada vez mais objecto de adoração e idolatração - bem, podemos ver a Apple como uma religião, sim. Eu sou só mais um fã rendido à excelente tecnologia desenvolvida por Jobs, mas antes de mim muitos se seguiram, muitos se renderam e a Apple é das poucas companhias que se orgulha de quase só crescer financeiramente durante o ano, com poucos problemas financeiros e a nível de bolsa. Jobs - que neste momento se debate com um cancro do pâncreas - é um génio tecnológico e a bem ver as coisas também um génio preconizador do futuro. Quando o primeiro iPod de grande volume foi lançado - em 2001, com apenas 5GB ou 10GB - Jobs disse que dentro de 10 anos o belo aparelho ia descer dos enormes 500€ para metade do preço e com pelo menos 10 vezes mais tamanho. "E aí, toda a gente vai querer um!", dizia. Eu pelo menos sei que quero!

NOTA: há que dizer que não sou católico, nem muçulmano. Fico-me apenas pelo ateísmo. Se os ateus amanhã tiverem um comentário infeliz, também o comentarei.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

50 anos de revolução cubana. O comunismo de hoje



1 de Janeiro de 1959, Fidel e Raul Castro, Ernesto «che» Guevara e Camilo Cienfuegos desceram da Sierra Maestra tomando Cuba, tornando-se heróis, ícones, e símbolos de esperança para Cuba, e para o mundo. Os ‘barbudos’ (como ficaram conhecidos) trouxeram de volta o misticismo do comunismo e fizeram sentir que valia a pena lutar pelo que se acreditava.
Assumindo-se como Leninista/Marxista, já no poder, Fidel tomou uma posição na política mundial numa altura em que a Guerra Fria ia tendo contornos no mínimo sensíveis. Não se sabe realmente se Fidel era comunista desde os tempos de faculdade, em que diz ter lido a obra de Marx ou se realmente foi uma resposta ao manifesto desagrado que os EUA tiveram para com a revolução, as reformas e as nacionalizações feitas em Cuba por Fidel. Em termos práticos, o comunismo de Fidel fez aquilo que deveria ter sido feito apostar na educação (Cuba tem umas das maiores taxas de alfabetização) e na saúde, sendo este um dos melhores sistemas de saúde do mundo. Por outro lado a liberdade do povo Cubano tem limites, por exemplo só com a recente chegada de Raul Castro ao poder possibilitou que todos cubanos tivessem o direito de aceder á internet e possuir um computador, algo que a nossa geração não imagina possível viver sem.
O modelo de socialismo aplicado em Cuba será como outro qualquer sistema comunista em qualquer outro lado do mundo, um sistema falhado e cheio de lacunas. Se por um lado se acredita na igualdade de valores e de direitos entre todos, se pelo mesmo lado se aceita que as prioridades sociais sejam as mais importantes, por outro lado em termos económicos a esquerda mundial tem estado bastante aquém da ferocidade do capitalismo em voga no ocidente, excepção feita talvez á China. Em termos políticos será complicado acreditar que os comunismos ainda praticados hoje em dia sejam realmente uma democracia. O partido comunista da Rússia e da China estão no poder desde que as revoluções foram feitas, assim como o PCC (partido comunista cubano) está como o único partido legal em Cuba. Mas este caso será um pouco diferente dos demais, Fidel é uma personagem unânime (ou quase) em Cuba e apesar de não haver a obrigação de culto ao líder, parece-me ao que me informei que os cubanos apreciam os ideais e as pessoas de Fidel e do seu irmão. Um caso um pouco á parte mas que não posso deixar de referir é Hugo Chavez, mais uma vez será um pouco como Fidel, visto como ‘salvador da pátria’ Chavez tirou a Venezuela da pobreza e aproveitou todas as suas potencialidades para passar a ser uma potência do continente americano, peca como todos os outros pela falta de democracia e ter arranjado alguns inimigos! No entanto uns dos casos a acompanhar porque realmente as políticas sociais do presidente venezuelano beneficiaram a Venezuela e o seu povo.
Olhando para Portugal teremos então 3 partidos de esquerda com assento parlamentar, 2 deles assumidamente comunistas. O Bloco de Esquerda, o mais recente destes 2, terá surgido em resposta á pouca inovação do Partido Comunista Português que ao que parece tem parado no tempo. O BE no entanto parece me um pouco mais agressivo do que deveria ser, liderado realmente por um grupo de intelectuais com inteligência acima da média, opta por fazer oposição desconstrutiva, por vezes desfasada da realidade. Sendo no entanto, na minha opinião, uma excelente força de oposição e que o seu aparecimento veio em boa altura visto que oposição não será com certeza a que a direita (enfraquecida) portuguesa anda a tentar fazer. O PCP por outro lado não se consegue reinventar, Jerónimo trouxe algo de novo ao que Carvalhas tinha deixado mas pouco mais que isso, o PCP mostrou nos últimos anos, um partido simpático sem dúvida, com o qual eu até me identifico, mas que parou no tempo como já disse agarrado á revolução e a Álvaro Cunhal, dos quais não se deviam esquecer certamente mas sem tirar os olhos do futuro. Como diria o outro de 80 anos amigo do nosso ministro da cultura ‘isto da cintura p’ra baixo é como o comunismo já se foi há muito tempo’, com pena minha mas começo a achar que será verdade.
Em jeito de conclusão, as políticas de esquerda são essenciais para que prevaleça o bem-estar de todos e não apenas de alguns, e penso que mais que uma força política o comunismo deve ser uma maneira de estar e encarar a vida.

PS: Há quem diga que o comunismo e o cristianismo não podem viver simultaneamente, mas… não terá sido Jesus o primeiro comunista ideológico?