quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Como o petróleo pode voltar aos 100 dólares

Caros ministros, caros deputados, caros cidadãos,

Então não é que eu estive a observar uns dados que me surgiram em cima da mesa, e que por acaso até estavam a atrapalhar, e cheguei à conclusão de que o petróleo pode muito bem chegar novamente a preços com três dígitos à esquerda da vírgula?

A Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), disse aqui há uns dias que iria reduzir a produção de petróleo em 4,2 milhões de barris diários no segundo trimestre de 2009. Ora, se isto for cumprido os inventários de petróleo cairão certamente, afectando assim a oferta, aumentando consequentemente os preços.

Pelos vistos, o aumento dos preços do petróleo é mesmo necessário, pois devido à recessão mundial, a procura de combustíveis tem diminuído exponencialmente, atrasando ainda mais uma possível recuperação da economia, mas não será esta redução de produção um pouco precipitada? Não estará a economia mundial não preparada para um novo subir dos preços?
Pois eu penso que sim. O poder de compra está baixo, a economia está realmente numa situação de crise e as palavras que mais ouvimos falar são: défice, crise, ruptura, recessão, etc.

Aceito que tenha de haver uma redução de produção, mas essa medida tem de ser tomada com cabeça, talvez uma redução mais pequena do que 4,2 milhões de barris diários.

Se bem que para nós, portugueses, quando falamos de combustíveis, seja igual. Visto que quando o petróleo está a ser negociado a preços astronómicos nós temos combustível a preço astronómico, e quando o preço do petróleo está baixo, nós continuamos na onda dos preços astronómicos.

Até para a semana e bom fim-de-semana!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Retrato Social

Bons leitores.

Mais uma bela quarta-feira, cheia de paródia e animação por Portugal inteiro, e porquê? Porque é quarta-feira, e não há nada de jeito a dar na televisão, portanto é um bom dia para se fazer negócios, business time para os mais intendidos!
Enquanto no outro dia me encontrava no meu gabinete a revirar uns papéis, encontrei por acaso os "Indicadores Sociais", decorrentes ao final do ano de 2007. Decidi voltar a dar uma vista de olhos ao texto para, de novo, tentar traçar um retrato social da população portuguesa e fazer
uma leitura sobre os desenvolvimentos ocorridos nos últimos anos....
Pfffff. Só espero que os indicadores de 2008 sejam melhores qd sairem. O que mais me assustou foi efectivamente, a taxa de crescimento efectivo (perdoem o pleonasmo), que tem vindo a decair drasticamente nos últimos anos.
O número de casamentos diminuiu, o número de alunos nas escolas aumentou, o número de crimes aumentou, as despesas da casa aumentaram. Enfim, eu poderia fazer uma análise mais pormenorizada sobre este assunto, mas tenho o secretário de estado à minha espera para um almoço no marisqueira do Berardo. Por isso, deixo aqui o link para quem quiser retirar legalmente da interenet o ficheiro documento Adobe Acrobat Reader dos Indicadores Sociais segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística).
E antes de ir, deixo só aqui uma pequena conversa que assisti antes dontem, entre um empresário que por acaso nao conhecia e o ministro do trabalho:

Empresário: Bom dia Sr. Eng., há quanto tempo ??!!!
Ministro: Olha, olha, está tudo bem?!
Empresário: Eh pá, mais ou menos, tenho o meu filho desempregado tu é que eras homem para me desenrascar o miúdo.
Ministro: E que habilitações ele tem?!
Empresário: Tem o 12.º completo.
Ministro: O que ele sabe fazer?!
Empresário: Nada, sabe ir para a Discoteca e deitar-se às tantas da manhã!
Ministro: Posso arranjar-lhe um lugar como Assessor, fica a ganhar cerca de 4000, agrada-te?!
Empresário: Isso é muito dinheiro, com a cabeça que ele tem era uma desgraça não arranjas algo com um ordenado mais baixo?!
Ministro: Sim, um lugar de Secretario já se ganha 3000 !...
Empresário: Ainda é muito dinheiro, não tens nada volta dos 600/700 euros ???
Ministro: Eh pá, isso não, para esse ordenado tem de ser Licenciado, falar Inglês, dominar Informática e ainda por cima tem que ir a Concurso Público.
(Conta-Corrente, Gonçalo Breda Marques)

Sem mais assunto, subscrevo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mundo português

1 - Escrever textos é extremamente aliciante. E quando se escreve para um projecto completo, com pés e cabeça como é este, dá-me um gostinho especial. Podendo escrever sobre aquilo que gosto e que de certa maneira quero... Tenho o caldinho feito.

2 - Faz hoje precisamente uma semana que Obama prestou juramento e fidelidade perante Deus (e mais uns milhões de pessoas) aos Estados Unidos da América. Como o meu caríssimo colega dos Negócios Estrangeiros já disse e muito bem, chegou o momento de se mudarem umas coisas, de se fazer história. Bem, a história vive-se a cada hora desde o passado 20 de Janeiro e as mudanças também. Para já, Obama assinou um decreto que manda encerrar Guantanamo e outro que congela alguns salários e regalias de altos funcionários.
Sinto-me a viver história, daquela que vai aparecer nos livros. Não é um 25 de Abril, mas muita coisa pode mudar no nosso mundo livre de hoje em dia.

3 - Deixando o apontamento político de parte, foquemo-nos agora na cultura propriamente dita.
Há duas pessoas que marcaram o final de 2008 de uma forma extremamente positiva. E quem diz 2008, diz 2088. Manoel de Oliveira e José Saramago são duas pessoas que já escreveram a sua história e a nossa também, cada um de sua forma.
O decano dos decanos do cinema já vai em 100 anos (70 de actividade), contabiliza a belíssima média de um filme por ano e não dá mostras de vir a abrandar nos próximos tempos. Uma lucidez fantástica, uma forma física que não dá mostra de quebras e uma vontade de trabalhar que deveria servir de exemplo a muita gente com menos de metade da idade de Oliveira. É certo que muita gente suspira de desalento quando se fala do Mestre, é certo que eu sou uma delas. Mas o cinema de Oliveira não é filme para as massas, não é cinema para vender. O cinema de Oliveira é muito mais que isso: um conjunto de simbolismos, intrigas, personagens completas (mesmo que por vezes sejam superficiais) e histórias que fascinam. Mais que merecida a homenagem em Cannes 2008, fica-se à espera de um Óscar honorário (?). Venha "Singularidades de uma Rapariga Loira" e o 101º aniversário.
José Saramago é a outra personagem portuguesa que merece destaque. Ao contrário de Oliveira, Saramago de 86 anos é uma pessoa mais frágil, quando de saúde falamos. Mas nem por isso menos lúcido e genial. Um génio que demora a entrar, a ser percebido. Demorei bastante tempo a perceber o seu nobel - tal como muitas outras pessoas - atribuído ao seu livro mais singelo (Memorial do Convento). Mas leia-se Ensaio Sobre a Cegueira, O Ano da Morte de Ricardo Reis e perceba-se, exija-se até o seu Nobel. E mais outro! Saramago esteve este ano muito débil, culpa de uma maldita pneumonia. Disse mesmo que esteve às portas da morte. Mas num milagre médico (como o próprio diria numa entrevista), olhou a morte de frente, enfrentou-a e venceu-a. Triunfal, a ela lhe arrancou o seu mais recente romance, A Viagem do Elefante. É o livro mais leve, mas é o mais pitoresco e a profundidade que dá às suas personagens em apenas 30 páginas absorve-nos completamente. Fica a faltar uma coisa a Saramago: que regresse a Portugal. Jurou nunca mais voltar, depois de Sousa Lara lhe negar a participação no Prémio Europeu de Literatura. Tudo porque... poderia ofender a comunidade católica. Ainda assim, não lhe perdoo a teimosia de viver na terrível Lanzarote, ilha vulcânica cinzenta e nada criativa. Portugal é um país belo, encantador, com tanto para inspirar Saramago para futuros romances. Talvez não queira descer ao nível de Sousa Lara ou de outros portugueses medianos. Talvez tenha medo de se sentir influenciado por uma sociedade que não o compreende. O certo é que Portugal é pequeno demais para uma mente como a de Saramago. Desde que ele continue a escrever, por mim está tudo bem.