terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Igreja e tecnologia

Antes de passar ao assunto desta semana, quero agradecer todas as reacções que obtive com o primeiro texto, bem mais do que as que esperava. Estive longe de pensar que iriam ser tantas assim e estive também longe de querer ofender alguém. Criticar sim, ofender não. Parti de uma premissa para uma generalização, penso que era inteligível e espero que tenham percebido isso. Percebam também que só pretendo - bem como muitos outros - que as coisas mudem, que sejamos mais culturais (dentro dos possíveis, é claro).

Esta semana a religião católica em Portugal voltou a marcar pontos. Na sua própria baliza. E a perder certamente mais alguns crentes. O cardeal D. José Policarpo juntou-se à ala ultraconservadora que reina na religião (Bento XVI, o sumo pontífice, anda por aí dizer - em tempos de guerra e crise - que o importante é não ter relações por prazer e que os homossexuais são uma devassa da Natureza): ora o nosso Policarpo veio dizer, e passo a citar, que "as mulheres portuguesas que se casarem com muçulmanos vão-se meter em sarilhos que nem Alá sabe onde acabam". Assim, sem ai nem ui. O "misticismo" que rodeava a igreja esfuma-se com este tipo de declarações. Já muita gente veio defender o cardeal, dizendo que é do conhecimento comum a forma como as mulheres muçulmanas são tratadas (ou maltratadas), mas o que é certo é que muitas vezes as mulheres cristãs e católicas não ficam muito melhor servidas. E palavras assim, deitadas ao vento, dão azo a interpretações várias. A religião já foi um negócio mais bem montado. E também mais poderoso. Agora, que nem partido político da oposição, parecem mais interessados em deitar achas para fogueiras que só a eles lhes interessa reavivar. Uma espécie de "olhem para mim que eu preciso de atenção". Num país em que a violência doméstica e a opressão feminina crescem de ano para ano, penso que a igreja devia olhar para sim mesma, para além do seu umbigo e pensar que "se se casarem com um cristão, vão-se meter em sarilhos que nem Jesus Cristo sabe onde acabam". Não é bonito atirar pedras para telhados de vidro, quando também os tem bem frágeis.
A instituição e negócio que é a igreja começa cada vez mais a deixar vir ao de cima os seus podres e os seus problemas. Este foi só mais um, e o progresso para "Ontem, Hoje e Amanhã" exige-se rápido se não querem perder os cada vez menos crentes existentes por este mundo fora. O fervor religioso católico por vezes parece-me tão fanático como o muçulmano. Não o de todos, mas de uma parte. Vejam o documentário Jesus Camp e vejam lá se até não tenho razão.

Se por um lado a religião parece parada no tempo e na mentalidade, o que não pára mais é o progresso humano e a tecnologia. Esta semana pus as mãos num belíssimo iPod classic, de 120GB (mais que o meu computador), preto, ecrã a cores e leitor de vídeo. Um autêntico mimo para melómanos a sério, que têm gosto à música - e à surdez - e não conseguem deixar de ouvir o que quer que seja durante o dia (também pudera, com 120GB o que não falta é música) e que são vaidosos. O precioso gadget é bem bonito, polidinho e com linhas bem atraentes (até reluz!). É um autêntico fenómeno de vendas, marketing, design... Nada parece falhar!
É incrível como Steve Jobs criou uma marca que é cada vez mais objecto de adoração e idolatração - bem, podemos ver a Apple como uma religião, sim. Eu sou só mais um fã rendido à excelente tecnologia desenvolvida por Jobs, mas antes de mim muitos se seguiram, muitos se renderam e a Apple é das poucas companhias que se orgulha de quase só crescer financeiramente durante o ano, com poucos problemas financeiros e a nível de bolsa. Jobs - que neste momento se debate com um cancro do pâncreas - é um génio tecnológico e a bem ver as coisas também um génio preconizador do futuro. Quando o primeiro iPod de grande volume foi lançado - em 2001, com apenas 5GB ou 10GB - Jobs disse que dentro de 10 anos o belo aparelho ia descer dos enormes 500€ para metade do preço e com pelo menos 10 vezes mais tamanho. "E aí, toda a gente vai querer um!", dizia. Eu pelo menos sei que quero!

NOTA: há que dizer que não sou católico, nem muçulmano. Fico-me apenas pelo ateísmo. Se os ateus amanhã tiverem um comentário infeliz, também o comentarei.

2 comentários:

Unknown disse...

E eu digo que daqui a 10 anos não vai haver metade dos cristãos que há hoje!
As palavras proferidas pelo Policarpo foram completamente absurdas, diria mais, xenófobas!
Uma perfeita humilhação para a igreja.

Em relação ao iPod, fico contente por saber que há um iPod com maior capacidade de armazenamento do que meu disco do desktop!

António Sousa disse...

Caro colega da assembleia. Venho por este meio expressar a minha opinião sobre o tema:

Penso que vivemos numa sociedade moderna, em que cada um sabe decidir por si só, de livre e espontanea vontade. Sem me querer mostrar anti-religião até porque a minha situação política não mo permite, acho que a igreja, seja ela católica, tem-nos mostrado cada vez mais o quão retrógrados e até contraditórios com a evolução dos tempos, os seus ideias são.

Não gosto de ipods...sou mais do estilo Zen! :)

Um cumprimento para todo o executivo!