quarta-feira, 18 de março de 2009

Rádio nos nossos dias

Antes de tudo, quero pedir imensas desculpas pelo meu atraso na publicação. A minha net é limitada, bem como o meu tempo e demorei um pouco mais a vir aqui.

Tenho-me divertido nos últimos dias a ler "Margrave of The Marshes", a autobiografia do já falecido John Peel. Para quem não sabe, Peel foi um verdadeiro Globetrotter das rádios, participando aqui e ali em vários projectos até se estabelecer na Radio 1 da BBC (foi, de resto, o veteraníssimo funcionário da BBC). Peel é, para o mundo da música, essencial: descobriu e ajudou géneros e bandas, espalhou a palavra, fundou editoras... Essencial. Para mim, para vários radialistas e para o mundo da rádio, Peel é, além de essencial, um ídolo, um exemplo: o seu estilo directo, sincero e honesto é inconfundível (bem como o seu sotaque, que lhe granjeou uma posição de sucesso na América), os seus programas intemporais e únicos, a sua vontade não tinha precedentes, John Ravenscroft não tinha medo, mas muita vontade de arriscar.
Peel não era só mais um. Peel era a pessoa certa. E marcou muitas gerações.

Para mim, há poucos como Peel nos dias que correm. Parece-me a mim, que na rádio dos dias de hoje (mais generalistas, diga-se, não falo de rádios essencialmente informativas) falta um estilo pessoal a muita gente; falta uma vontade de arriscar e de inovar. Pelo menos nas rádios de massas, que chegam a toda a gente. Não raras vezes, as vozes que saem das colunas são aborrecidas e clonadas, o que me leva a mim - e a tantos outros - a desligar o rádio pouco depois de o ligarem. Mesmo a música, em muitos casos, cinge-se ao mesmo, todos os dias. Poucos são os programas inovadores, com coisas novas e frescas. Por isso é que a rádio - meio essencial até aos anos 80 - tem perdido ouvintes e apoiantes. A estagnação e indiferença perante o meio de comunicação mais experimental e com maior margem de manobra, levarão certamente também a que pouco se aposte em coisas novas. Bem como as imposições de um mundo capitalista, cada vez mais movido a dinheiro.

Não defendo que se faça uma revolução, nem espero que a mesma chegue no próximo ano. Mas defendo que se olhe para trás, para cerca de 25 anos atrás - que não é assim tanto - e se veja que há não muito tempo se faziam coisas fantásticas e óptimas que podem ser feitas ainda hoje. E espero que as mentes se (re)abram e que se perca o medo de apostar em coisas boas. E já agora, que cada um encontre o seu próprio John Peel, a sua própria inspiração.

"Swarming Vulgar Mess of Infected Virulency anyone? Come on in. The blood's fine...", John Peel

1 comentário:

Unknown disse...

grande John Peel! curti o texto! :P
agora o que ando a curtir bué é o programa "bons rapazes" da Antena 3. :P